Página Branca

O ano novo começou.

Já estamos em seu segundo dia!

Estranhamente, me sentia "rara" na pré-passagem do ano. Não sabia dizer se estava deprimida, cansada, triste, sem expectativas... ou se não era nada disso. Apenas estava "zen". O fato é que me sentia uma página branca! O oposto da agitação natalina com enteados, filho, sobrinhos, irmãos, noras, barulho e muuuuita algazarra.

Depois de muito relutar em fazer algo, finalmente cogitamos algumas possibilidades: Culto em Nova Canaã; Culto de Lagoinha no Mineirinho junto com a mamãe Marli; Culto no Barro Preto ao lado de "Painho e Mainha André e Estella"... mas nada nos motivava o suficiente para darmos um passo em alguma dessas direções; até que, enfim, decidimos: vamos para a casa do papai, no pé da serra de Igarapé. Pensei em chamar os amigos, como sempre fiz durante anos. Mas não tinha forças para me mover. Comecei a justificar a ausência de cada um deles, antes mesmo de chamá-los: o Rafa não poderia se ausentar de sua família, já que agora mora no sul; o Lucas do mesmo modo, já que mora em Buenos Aires; a Angela está de partida para a Argentina - quererá passar essa virada junto dos seus; Helen e Clebinho depois que viraram "pais" e ele, fotógrafo de eventos, dificilmente se animam a programas deste tipo; a Lelé já me ligou dizendo que estaria em Pedro Leopoldo (casa da Vó Noeme); Norma e Arakén provavelmente não aceitariam, mais uma vez, o convite; a Raquel já me havia dito que estaria na casa da irmã de seu namorado e até nos convidou a estarmos juntos; Juju e Fábio, estejam onde estiverem, estão em seu primeiro revellion casadinhos; a Dani tinha se comprometido com a Tarcísia; a Tati, que também está morando fora (SP), já passou o natal conosco e certamente passaria o ano novo com sua família lá na Fazenda; e a Mi... bem, a Mi não conta como "amigos" - para nós ela é família e, se não está viajando, é certo que estará conosco.

Não me senti bela, não me arrumei, não me maquiei, não fiz as unhas... Nada como nos anos anteriores. Simplesmente agasalhei o Téo, juntei a parafernália de cada saída (quem tem bebê sabe do que isso se trata) e fui para Igarapé ao lado do meu marido, que tentava me reanimar. Tinha feito compras de comidas, petiscos, bebidas e fogos para levarmos.

Mas eu continuava me sentindo uma página branca. E me culpava por não reagir. Afinal, 2010 foi o ano em que curti muito ao lado do meu marido e filho; o ano que viajamos prá caramba; o ano que acompanhamos o desenvolvimento do primeiro aninho de existência do Teófilo; o ano que retornei ao Fórum e contei com o carinho e cobertura do Dr. Magid e da Desiré; o ano que desfrutamos de muita saúde; o ano em que me graduei no curso de Bacharel em Direito; o ano que a PMB me comunicou demissão e parece que voltou atrás; o ano que renovei minha carteira de motorista; o ano que o Fora do Arraial se estabeleceu e se tornou um oásis nas nossas vidas - local de refrigério, comunhão, bate-papo e crescimento espiritual; o ano que minha mãe deu uma guinada em muitas áreas de sua vida e nos abençoou tanto; o ano que encontramos no Papai, na Mardeline e no cantinho da serra, mais um porto seguro.

O fato é que lá chegamos e a ceia estava preparada. A Michelle já estava lá. Estavam, além do Papai e da Mardeline, a Lala, a Dinha, o Janjão e o Frio. E nele, a poodle Belinha, o Rottweiler Negão e o sapo Napoleão.

André somou os fogos de artifício que levou com os que papai comprou e foi prendê-los em um local estratégico. Quase um profissional.

Depois, na sala, minha página branca já começava a ter traços de algo sendo esboçado: veio o devocional gostoso, simples e aconchegante. Papai leu a Bíblia, falou... cantamos ao som do violão do André e, em circulo e de mãos dadas, oramos. Oramos e choramos!

Á medida que fui me lembrando das grandes coisas que fez o Senhor por nós, senti minha página sendo preenchida com a espetacular caligrafia do meu Deus.

Que texto lindo!

Quanto motivo de gratidão!

Que culto agradável, que só não se prolongou mais, porque interrompido pela beleza dos fogos à meia noite. Não imaginávamos que nossos mais de vinte fogos seriam uma gota no oceano - ou melhor dizendo, uma estrelinha no firmamento daquele foguetório sensacional que durou mais de dez minutos! Até o Teozinho, acordado pelo estouro dos rojões, olhava admirado aquele show de sons e cores no céu.

Animados, nos sentamos à mesa da ceia traçando planos para o próximo Revelion ali, naquele mesmo lugar. Com muito mais fogos, mais cores, mais culto, mais gente, mais comida, mais tudo. O que é bom, tem que ter mais!!!

Aquele foi um momento inesquecível. Uma virada de ano simples e marcante. Porque fizemos daquele momento presente, o momento ideal.

Como o ano está começando, termino, a minha primeira postagem de 2011, com a sabedoria das palavras de Dalai Lama:

"Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver".

                                                          Feliz 2011 para todos vocês!!!